A Procuradoria-Geral do Município de Horizonte está atenta e trabalhando pelo melhor de todos.
O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), disse nesta segunda-feira (30) que pode enrijecer as medidas de isolamento social na capital mineira para conter o avanço do novo coronavírus. Kalil se mostrou irritado com as carreatas realizadas na cidade durante o fim de semana e, também, com o registro de aglomerações em praças da cidade e na orla da Lagoa da Pampulha.
A entrevista foi concedida à TV Globo. Desde o dia 22 deste mês, o prefeito determinou o fechamento de locais com potencial de aglomeração de pessoas e determinou a redução de circulação na cidade para evitar o contágio pelo Covid-19.
“Acionamos a Procuradoria Geral do Município, pois houve uma desobediência durante uma pandemia e isso é crime, já estamos fazendo estudos do que pode ser feito”, afirmou o administrador municipal.
“Se um rapaz de 30 anos sair, mesmo com dados de que o vírus está matando gente nessa faixa-etária e por mais que 80% dessas pessoas saiam de uma CTI com vida, ele vai matar um homem de 60 anos. Então, toda vez que você ver alguém passeando, veja com o olhar de que aquela pessoa é egoísta, só pensam neles e fazem mal a Belo Horizonte”, disse Kalil.
Carreatas
Parte da população passou a organizar protestos em todo o país após o discurso do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em rede nacional, na última terça-feira (24), pedindo a volta das atividades comerciais sem restrição e o fim das medidas de isolamento, contrariando órgãos de saúde de todo o mundo e o próprio Ministério da Saúde.
Em BH não foi diferente. Na sexta-feira (27), cerca de 60 carros saíram em carreata da Cidade Administrativa e pararam em frente à PBH (Prefeitura de Belo Horizonte) pedindo o fim das medidas de isolamento. Os veículos foram multados pela prefeitura em cerca de R$ 25 mil, por descumprirem o decreto que proíbe a “realização de atividades com potencial de aglomeração de pessoas”.
Kalil criticou os manifestantes e disse que, caso a desobediência continue, a situação pode piorar em BH, que já tem 163 casos confirmados da doença, o maior número em Minas, de acordo com a SES-MG (Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais).
“A curva em BH vem em uma crescente não exponencial, vem crescendo razoável até agora. Se a desobediência continuar, isso aqui vai virar o verdadeiro caos. É muito importante que os egoístas que saem para caminhar ou protestar, quebrando leis com falta de patriotismo entendam isso”, afirmou o mandatário.
“Patriota é a SLU, a PM, os Bombeiros, a Guarda Municipal, a Saúde e os que estão trabalhando na rua pra você ficar em casa. Esses que botam camisinha da seleção e bandeira nas costas são egoístas e irresponsáveis, que não sabem ler a leitura básica da realidade do mundo hoje”, disse o prefeito.
Zema
Na última sexta (27), o governador Romeu Zema (Novo) disse que estudaria a reabertura dos comércios em Minas. Os números de casos do novo coronavírus em Minas são tidos como “satisfatórios” pelo governador e isso fez com que o gestor pensasse na retomada das atividades comerciais.
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Kalil disse que pretende conversar com Zema, mas que não está disposto a afrouxar as medidas em BH. “Acho que, se o governador for conversar com a Saúde, vai ver que ela é unânime. Belo Horizonte não vai afrouxar. Se ele [Zema] me chamar para conversar eu vou porque respeito hierarquia. Mas não temos condições de abrir nada, aqui temos pobres e um aglomerado de gente. Estamos na solidão, como na chuva, onde tomamos nossas providências sozinhos”, disse o prefeito.
“Eu conversei com três infectologistas renomados em Minas e eles são unânimes: nós temos chance de passar por isso mais rápidos do que todos, pois Belo Horizonte e Minas adotaram medidas quase uma semana antes de todos”, acrescentou Kalil.